por marcos romão
Menos Spray de Pimenta e Menos Pedradas, é tudo que o povo quer, ainda.
A presidente Dilma anuncia na Copa das Confederações, a entrega de seis caminhões, que funcionam como Centros de Comando Móveis e outros equipamentos de segurannça de alta tecnologia, segundo a Coluna de hoje, do Elimar Franco no Globo. As outras capitais, que sediam os jogos da Copa da Confederação, vão também receber a parafernália daquelas que você só vê em reportagens sobre a Faixa de Gaza. São tecnologias e instrumentos de repressão que ficam a anos-luz de distância em eficiência fratricida, à luz de hoje, dos “Brucutus” dos nossos tempos de jovens contra a ditadura ou dos caminhões-gigantes cheio de soldados com chicotes na mão, nos alvos tempos da repressão racista na África do Sul contra os seguidores de Mandela e da ANC.
“treinamento” policial com crianças negras de “comunidades”
O governo federal ordena “investigações” de manifestações, de indignados contra o aumento dos preços das passagens, que acontecem no âmbito municipal e estadual. Nos lembra os tempos em que até procissão de igreja, necessitava do passe-livre do Palácio do Planalto. E que Francisco, o Santo, não falasse muito dos pobres que ele amava. Se não…
No Rio de Janeiro, o governo testa armas ultrassônicas contra meia dúzia de indígenas, que reivindicavam seu espaço milenar no antigo habitat do pássaro Maracanâ. Gás de pimenta e até hilariante, complementavam o cardápio repressivo distribuido com grande generosidade pela polícia carioca. Não queriam ficar atrá sda polícia paulista e seu mau exemplo trucidante executado em Pinheirinhos. O nosso povo esqueceu, mas as Pms de todo o Brasil não, devem ter em seus cursos de formação os vídeos com os métodos nazistas lá aplicados. Limpeza étnica é fácil de aprender quando se tem bons instrutores e respaldo político.
No Serrado, foram mais longe. As balas de borracha foram substituídas pelo aço do racismo político, da violência contra a raiz do nosso povo brasileiro, os indígenas. Afinal tinham o beneplácito e a ordem judicial de um juiz, que muito provavelmente já participou com os fazendeiros, de muitos churrascos e tertúlias literárias.
Alguns “incautos” funcionários da Caixa, ao apertarem no teclado de uma caixa preta a data errada, desencadearam uma ação terrorista cibernética de proporções alarmentes, que levou às ruas, milhões de desesperados durante todo um final de semana, temerosos que lhe furtassem a bolsa com os alimentos de suas crianças.
Os anos de chumbo parecem até de plástico, diante da parafernália armamentista de aço, que assistimos com os investimentos federais, estaduais e municipais em nosso Brasil.
Tem dois anos que acompanho in loco, dezenas de manifestações populares. E ao “vivo youtube”, outras centenas pelo Brasil afora. Sim, porque as “requentadas” mostradas nas “televisões oficiais”, não mostram 5% da brutalidade e refinamento do aparato policial que está sendo montado no Brasil.
Estaríamos nos preparando para uma guerra? Quando vamos ser avisados, nós cidadãos?
“treinamento com indígenas”
Quando escuto mulheres e homens de minha idade, que comigo jogavam bolas de gude nas Avenidas do Brasil, quando vinha a Cavalaria, e nos armávamos com paralelepípidos, e o que viesse à mão para nos defendermos, e muitas vezes atacarmos o estado opressor, quando ouço estes velhos “amigos e amigas”, falarem de formação de quadrilha, quando jovens e não menos jovens saem à ruas para protestar contra o aumento dos preços das passagens, fico com o queixo caído e de boca aberta de pasmo.
O cientista social Silas Ayres, velho amigo, também perseguido e com amigos comuns desaparecidos, em seu facebook, compartilhou o seguinte comentário:
“Deixa eu ver se entendi. Em plena democracia, com um governo petista, com uma presidente ex-presa política, a PF vai analisar as manifestações sobre os preços das passagens? Os governos de São Paulo e Rio querem indiciar os manifestantes como formadores de quadrilha? Quadrilha? Como disse o FHC, o governo petista levou o Brasil à República Velha, quando os movimentos sociais eram caso de polícia.”
Não fazem duas semanas, conversei com alguns amigos que com experiência na área de diretos humanos, ficamos até de marcar uma reunião, para batermos papos, sobre a criação de grupos de ação para a cidadania, que estivessem presentes nas manifestações populares como mediadores. Seriam grupos formado para “desescalar” o processo de militarização policial de nossa sociedade, tão bem lembrado, como a volta à “República Velha”, em que questão social era questão policial.
Sei do que estou falando. Vi a cara de surpresa, dor e desilusão como o Estado Brasileiro,por parte do indígenas e seus amigos solidários, diante da hiper-dimensionalidade da repressão que sobre eles se abateu, durante a desocupação da Aldeia Maracanã. Ouvi também o relato de um policial militar, 30 anos com filhos pequenos, dizendo que não foi para isto que entrou para a polícia.
Assisti em vários lugares, policiais manuseando seus tubos de pimentas e pistolas elétricas como se fossem brinquedos de espoleta da “Estrêla”. Vi jovens perdidos diante da brutalidade. Vi também policiais se afastando dos duros, ou mesmo interferindo contra a violência de seus colegas. Na construção da cidadania em uma sociedade democrática não temos mais tempo para buscarmos bodes-expiátórios.
Já ficamos muito tempo de braços cruzados, a assistir o sistema policial assumir todos os campos de negociação em nossa sociedade.
Os primeiros exercícios foram nos morros, nas favelas e conjuntos habitacionais, que eufemisticamente, o sistema militar moderno chama de “Territórios ou Comunidades Pacificadas”. Lá já não temos mais assistentes sociais, nem sociólogos, nem jornalistas, nem juristas, nem juízes, nem médicos, lá temos policiais que fazem as vezes de médicos, de juristas, de assistentes sociais, de sociólogos, enfim, de deuses sobre todas as oportunidades e problemas que lá ocorram. Estão sobrecarregados pelo trabalho, que uma sociedade civil ainda não tomou a coragem ou não pode assumir.
Agora este aparato militar comprado e festejado nas Feiras Internacionais de Armamentos, que acontecem regularmente no Rio Centro de triste memória, estão sendo também utilizados no “asfalto” e logo logo a juventude dourada, vai sentir o poder dos “drones” que eliminaram o “Matemático”. Por enquanto são atingidos, só fotografias a longa distância.
Não sou escoteiro, para lembrar a frase doo ex-governador Nilo Batista sobre quem vê a violência na sociedade com óculos cor-de-rosa , mas arma que se compra não é para ficar guardada e, tem os duros e fascistas no aparato. Muitos destes falcões são garotos novos que sonham serem “Rambos”, outros entretanto são velhas raposas, que passam incólumes por todos os governos e, que adoram a violência do estado, contra quem der motivos e quando não dão motivos, eles criam os motivos, fornecendo armas cada vez mais sofisticadas à “turma do mal”, para que depois possam combatê-los com novas e mais sofisticadas armas. O gato fica correndo atrás do rabo e nós cidadãos acreditamos que eles caçam ratos.
Ainda temos tempo, queremos uma sociedade militarizada? Queremos sufocar nossa democracia quem nem aos 30 chegou?Enquanto escrevo, tomo conhecimento que no Rio a manifestação foi acompanhada de forma pacífica pela polícia, enquanto em São Paulo o pau comeu.
Pela informação enviada pela Agência Petroleira sobre o que aconteceu hoje no Rio, ainda posso ver luz no fim do túnel.
Fica o recado, que nós mesmo já sabemos desde 1968. Não há aparato militar que intimide a população por todo tempo.
Recebido via Fátima Lacerda na Rede Social
“No Rio, milhares de pessoas se concentraram na Candelária, muitas carregando flores e outras gritando palavras de ordem como “Da Copa eu abro mão/ dinheiro para a saúde e educação”.
Desta vez, na marcha contra o aumento abusivo das passagens e por melhores transportes, a polícia foi bem mais contida do que há dois dias atrás. Uma vitória da população, que não se intimidou com a violência anterior. A manifestação começou pouco depois das 18 horas.
As descer a Avenida Rio Branco e, depois, a Avenida Presidente Vargas, a manifestação foi aplaudida e saudada por gente que surgia nas janelas dos prédios, numa demonstração de que a revolta contra ou aumento do preço das passagens, que já não cabe no bolso do trabalhador, é bem maior do que se imagina.
A manifestação foi pacífica. O trânsito da Presidente Vargas foi interrompido nas quatro pistas quando a passeata cruzou a avenida, mas já estava restabelecido por volta das 19 horas.
Os estudantes que voltaram às ruas contaram agora com forte apoio dos movimentos sociais e sindicais. Três carros de som foram cedidos pelo movimento sindical, um deles pelo Sindipetro-RJ.
No próximo dia 18, terça-feira, o tema do aumento das passagens também será debatido durante a plenária da campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso, no auditório do Sindipetro-RJ (Av. Passos, 34, próximo à Praça Tiradentes, Rio) . Estão convidados movimentos sociais e sindicais em luta.
Em São Paulo, a manifestação também reuniu milhares de pessoas e, segundo informações colhidas na internet, houve conflito. Pelo menos 30 pessoas foram presas pela Polícia Militar até o início da noite.
São Paulo 13 de junho
Fonte: Agência Petroleira de Notícias