por Marcos Romão
O que aconteceu no dia 22 de março de 2013, no Rio de Janeiro, foi uma invasão brutal da Aldeia Maracanã pela polícia Estadual do Rio de Janeiro. Foi uma violação dos Direitos Humanos milenares dos povos indígenas do Brasil. Foi uma ignomía os maltratos e agressões realizados contras, mulheres homens indígenas, idosos e crianças , além de ataques aos defensores públicos federais, deputados e representantes da imprensa e da sociedade civil. Foi uma desespero a corrida prá lá e pra cá dos indígenas e toda uma população solidária atrás de advogados, petições e mandatos de segurança em busca de justiça.
Tudo isto não passou de um desvario programado.
Através do descaso com o ser humano, os maltratos com as crianças indígenas aterrorizadas diante de Brucutus/Caveirões, o atacar homens velhos com sprays de pimentas, o dar chutes e pontapés, foi um atestado público que o Rio de Janeiro cometeu um ato de loucura e insensatez .
Foram “experimentadas” pela polícia do Rio, até armas ultra-som contra mulheres e crianças. Armas ainda não regulamentadas pelas convenções de guerra entre povos.
Tudo isto só tem um motivo.
Um capricho do governador Sérgio Cabral.
Ele comprou o Museu do Índio do governo federal para fazer um mimo a seus amigos endiheirados e outros interesses pessoais os quais podemos apenas dirimir. A partir daquele momento, a partir de alguma reunião privada, que o povo do Rio não tomou conhecimento, tudo estava decidido.
Tudo já estava decididido. Nenhum juiz estadual ou federal teria coragem de ir contra o Grande Mandatário da cidade do Rio de Janeiro, que faz às vezes de governador do Estado com o mesmo nome.
Fizemos todos e todas papel de palhaços e palhaças, quando já sabíamos que o governo federal, ao vender-lhe o prédio, já havia dado carta branca ao governador para que destruísse este Patrimônio da Humanidade.
Todos nós já sabíamos desta ordem, “deixa rolar”, quando o governo federal não enviou a FUNAI para proteger aos indígenas, nem que fosse levando vinagre, para diminuir o efeito do gás de pimenta nos olhos de suas crianças, senhoras e idosos.
Foi uma história, sem história e sem memória e, ainda deixou seus aliados no governo de saias justas.
A Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, foi enviada para negociar com os povos indígenas. Para negociar o que? Se tudo já estava decidido antes?
Esta mesma secretaria de Direitos Humanos, vinha apoiando há anos, as demandas dos Povos Indígenas representados na Aldeia Maracanã. Os indígenas da Aldeia Maracanã possuem até uma representação na Câmara Técnica, criada pelo próprio governador, para discutir e elaborar um plano de igualdade Racial para o Estado do Rio de Janeiro, à cargo da Superintendência de Promoçãoda de Igualdade Racial dentro desta mesma secretaria.
Um capricho e, anos de trabalho de construção de um Rio sem Racismo e com direitos iguais para indígenas, negros e brancos, foram jogados na vala do Rio Maracanã.
Que tristeza. Provavelmente virou mendigo , o primeiro indígena despojado de suas terras no ano de 1500.
513 anos depois, o governo já nem espera que o terrível destino se consuma. Acaba de enfiar em uma espelunca chamada hotel, que mais parece prisão, senhores e senhoras indígenas, já enfraquecidos depois de uma noite de terror e angústia, dilaceração da alma e destruição da dignidade . Não só dos Povos Indígenas do Brasil, mas de todas as pessoas no Brasil e no Mundo, que acompanharam esta tragédia premeditada.
Mas os Povos Indígenas lutam há 513 anos. Eles não esmorecem. Vão recorrer à OEA, à ONU e até ao Papa!
Foram esgotadas todas as ações judiciais neste universo de “Ações entre Amigos”, que virou o trato dos governos com povo em nossa sociedade brasileira.
A sociedade civil tem uma arma poderosa em suas mãos, o voto.
Não só a Copa vem aí em 2014. Vamos ter eleições também.
A sociedade civil poderá demonstrar muito bem a sua solidariedade aos Povos Indígenas. Dizer não a esta gente e continuar lutando para que indígenas, tenham sua Embaixada Mundial ao lado do Maracanã.
Nada nesta vida é definitivo, só a dignidade dos povos indígenas e de todos nós.