O Brasil, Dilma e Cabral precisam de bombeiros.


A presidente Dilma ainda em campanha em Hamburgo 2009

Conversei em Hamburgo semana passada, com um amigo ativista como eu, do movimento negro há mais de 40 anos. Sua filha de 23 anos, mãe de uma criança de 5 anos, foi executada com um tiro na cabeça em Salvador.
Aconteceu em plena luz do dia, 11 horas da manhã, 3 homens foram buscá-la em casa. Sairam sorridentes, disse uma testemunha.
O carro féretro percorreu 300 metros e parou em um terreno baldio, disse uma segunda testemunha, que reparou apenas que conversavam amigavelmente e seguiu adiante. Minutos depois viu o carro passar com apenas tres ocupantes. Desconfiado foi até o terreno e encontrou a menina já morta com uma bala na cabeça.
As infomações é de que ela andava com más companhias, traficantes talvez. Assunto encerrado para as autoridades.
Seu pai estivera um mes ante no Brasil, comprara um passagem para que ela viesse para a Europa. Pressentia o pior para sua filha.
Andou em más companhias, fez isto, fez aquilo é o que cada pai e cada mãe, de cada um dos 50 mil adolescentes e quase adultos mortos violentamentamente no Brasil, ouvem das autoridades.
O que era o chicote corretivo antes do Brasil correto, é hoje bala de super trezoitão no Brasil democrático. O tratamento social de nossos jovens mudou de ruim para pior. Para todos os problemas a resposta é bala. O Estado só conhece uma lei: “Para cada ação uma reação e grito de passarinho se cala com tiro de canhão”.
O pai da menina ainda não chorou. Ouvi pessoalmente relatos de vítimas do holocausto, que o absurdo da situação de extermínio era tão grande, que as lágrimas não estavam preparadas para responder com o choro.
Sei que ele talvez leve muito tempo para reaprender a chorar, para chorar a morte estúpida de sua filha. Eu chorei por ele.
Aprendi a chorar depois de velho, o choro indignado com a ignomía e injustiça. Que bom poder me sentir vivo e não anestesiado pelo terror das milícias e corrupção generalizada, que nos atinge enquanto brasileiros a 12 mil Km de distãncia, como se eu estivesee andando em uma rua de Salvador.
Os conselheiros da presidente e dos governadores e autoridades de meu país precisam reaprender a chorar. Chorando talvez aconselhem melhor e parem com as truculências e as balas, e deem exemplo aos nossos jovens, que é possível comportar-se de outra forma que não seja através da violência.
Em um ato talvez mal aconselhado o governador do Rio de janeiro reprimiu brutalmente os bombeiros de meu estado natal. Infelizmente ele não está sózinho em sua ação. Representou apenas os desmandos coronelistas que persistem e voltam a crescer em nossas cidades e no campo.
Precisamos de bombeiros em todas as instâncias de nosso país. Das escolas a alta magistratura, dos lares aos quartéis. Gente que converse e salve e que não mate.
A filha do meu amigo, meus filhos, os filhos e filhas de cada um vão nos cobrar um dia a nossa ignorãncia. Vão cobrar a nossa falta de sensibilidade para conversamos e darmos um basta na violação do mais intimo de nossas vidas, que é a nossa dignidade de ser humano.
Ainda é tempo. Não é mais momento para trocarmos acusações, é momento para agirmos.
Marcos Romão

3 pensamentos sobre “O Brasil, Dilma e Cabral precisam de bombeiros.

  1. Esse assunto é um tema muito importante na recuperação do IPCN, que no momento busca uma chapa para formalizar a eleição em meio algumas animosidades de escolhas e paradigmas de ação, que estão em pauta de acontecimento nos ultimos encontros semanais. É sem dúvida a importancia da presença de todos, vivemos momentos como este de Salvador a cada instante e como voce disse, as respostas são as mesmas encontradas pelos meios publico, quanto ao “mal Caminho” e “más companhias”, que torna-se o grande “filão” da continuidade desses esquadrões da morte…Mas dia oito de julho Também é aniversário do IPCN e a comemoração começa por uma grande convocação, que nesse momento vejo pela “janela da cantina da lua” (o livro), uma frase do Sr. Clarindo Silva. “O povo que não preserva o seu passado, não vive o presente e jamais poderá construir um grande futuro”. É hora dos tambores tocarem e todos os filhos de fé se aproximarem. Aché!

  2. Roma, antes de tudo, saudades…
    Uma historinha de nossa amiga Gilda com seu neto Gabriel. No fuscão azul, iam pela estrada fazer compras no supermercado em Maricá, .
    – Avó: Gabriel, vamos contar as fitinhas vermelhas esvoaçando nos carros?
    Gabriel começou a contar as inúmeras fitas vermelhas esvoaçando nos carros. Lá pelas tantas perguntou:
    – Vó, porque estas fitas vermelhas? É por causa do Vasco?
    – Vó: Não, Gabriel, é por causa dos bombeiros que ganham uma miséria, fizeram greve e o governador Sérgio Cabral mandou prende mais de quatrocentos bombeiros que protestavam!
    Gabriel ficou pensativo, e depois de um tempo soltou esta:
    – Vó, tomara que a casa do Governador pegue fogo …

    PS. Logo depois, cai o helicóptero com os convidados do Governador que iam passar o final de semana num hotel de luxo no litoral de Porto Seguro… A primeira coisa que vi foi um carro de bombeiro ajudando no resgate…
    Podemos dizer que Gabriel foi profético, pois de certa forma, casa dele pegou fogo…Mas duvido que este cara de pau se envergonhe de alguma coisa…

    Bjs, Tite

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