A agressão racista continuada no caso Assumpção x Nory


por Marcos Romão

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Segundo a Folha de São Paulo, “O ginasta Ângelo Assumpção, 20, participou do primeiro momento de fama de Arthur Nory, 22, em cenário nacional. Infelizmente, foi um episódio negativo. Em maio de 2015, ele foi vítima de brincadeiras de cunho racista de Nory e outros dois atletas da seleção brasileira, Fellipe Arakawa e Henrique Flores.”

O que poderia se qualificado como uma brincadeira de mau gosto, que fosse resolvida com um mea culpa do atleta Athur, ganhou um caráter de “Questão de Estado”, quando a comissão técnica e o tribunal esportivo, resolveram colocar “panos quentes”, no caso de racismo que aconteceu entre os ginastas (em maior ou menor grau é sempre racismo).

Por coincidências que sempre se repetem em casos de racismo no Brasil, quando racistas são apanhados em flagrante, a vítima do racismo, Ângelo Assumpção, foi quem acabou não participando das olimpíadas de 2016, devido às mudanças das regras para escolha dos participantes, dizem as autoridades esportivas.

O jovem Ângelo Assumpção, se dá por satisfeito e considera o caso encerrado. Fora dos tribunais, a opinião pública não concorda com este fecho, estilo final feliz, em que o Príncipe Encantado ganha os louros e a Gata Borralheira volta para casa.

O jovem Arthur que mudou o sobrenome para Nory, parece ter esquecido o episódio. Não aproveitou o pódio para se desculpar publicamente por seu ato racista, e declarar que mudou de opinião e que já  maduro e consciente do ato racista que praticou, ato que no Brasil é crime, se engajará contra o racismo nos esportes no Brasil.

Quer ainda a justiça brasileira, que casos tão flagrantes de racismo como estes, que agridem moralmente negros e indígenas no Brasil, e os impedem de prosseguir suas carreiras e destinos, sejam tratados em foro de direito privado, o que impede que outros cidadãos entrem com queixa crime, quando são testemunhas físicas ou virtuais, de agressões racistas.

Assim ficam as vítimas de racismo reféns de seus agressores, principalmente quando dependem de seus algozes para continuarem em seus empregos e carreiras, e tem que se mostrarem agradecidos a quem lhes quebram as pernas psicológicas.

Para um racista ou um nazista, quando alguém o perdoa, isto é para ele, apenas a confirmação que esta pessoa, além de inferior, é uma pessoa submissa que aprendeu a ser um escravo bem educado pelo sistema racista.

Não é, nem foi assim, educativa e antirracista a posição das autoridades esportivas brasileiras, ao orientarem os atletas envolvidos a considerarem este caso como encerrado.

Só se encerrará com ações públicas de admissão do racismo. E como nunca foi esquecido caso de Aída dos Santos em 1972, quando foi impedida de participar da Olimpíada, por ter denunciado o racismo (veja o link), o caso  Ângelo Assumpção, ficará no tapete do pódio olímpico, enquanto não houver uma mudança de postura por parte dos dirigentes e atletas brasileiros diante do racismo.