Apátridas: O primeiro aniversário de Ruth no Brasil e suas amigas “Sem Papéis” em abrigo no Acre


Por Altino Machado

Altino MachadoAutor do blog acreano com seu nome, Altino Machado, que é uma fonte segura sobre o que se passa na Amazônia e principalmente na fronteira do Acre, porta de entrada de milhares de refugiados haitianos que buscam abrigo no Brasil.

Nesta matéria, Altino no relata os drama subjacentes das crianças migrantes apátridas e suas situações jurídicas incertas, que necessitam de urgente solução para que fiquem juntas de seus parentes. Estar junto com sua família um direito inalienável, até de crianças migrantes “Sem Papéis”.
Nos lembra da situação vulnerável que muitas mães migrantes do Haiti se encontram no Brasil. Neste mesmo momento, uma migrante e mãe haitiana no Rio Grande do Sul, conforme publicado na Mamapress, aguarda decisão da justiça para saber se poderá reaver a guarda de sua filha.

Ela havia engajado uma família para tomar conta de sua filha enquanto ia ao trabalho. O casal aproveitou-se de seu pouco conhecimento de nossa língua e, conseguiu a guarda da criança ao alegar à juíza, ter melhores condições para financeiras para cuidar da criança do que a mãe migrante.(Pela redação-Marcos Romão)

Ruth festeja seu aniversário

Ruth Mikauly Louissaint festeja seu aniversário com suas amigas apátridas em abrigo no Acre

Estive na festinha do primeiro aniversário da pequena Ruth Mikauly Louissaint. Na semana passada, ao ingressar em território brasileiro, a criança foi separada da mãe, a imigrante haitiana Michelove Senatus, 24, porque não portava documento que pudesse comprovar que é mãe da criança.

Mãe e filha terão que permanecer mais dias na Chácara Aliança, em Rio Branco, que funciona como abrigo de imigrantes mantido pelos governos federal e estadual para caribenhos e africanos que buscam melhores condições de vida no Brasil.

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Michelove está na 36ª semana de gravidez. Ela só poderá viajar após o nascimento do novo brasileiro, que pode nascer a qualquer hora e que será chamado de Fritzly Michel Louissaint.

Uma cunhada de Michelove já saiu da República Dominicana com destino ao Brasil. Traz Huygen, de três anos e sete meses, e Emmanuel, de dois anos, irmãos de Ruth. Ela deverá chegar ao Acre dentro de uma semana e seguirá viagem para São Paulo com as três crianças, enquanto Michelove e Fritzly ficarão aguardando autorização médica para fazer o mesmo.

Detalhe da foto: à esquerda, as irmãs Zuleika e Jachira Vilbrum, que também foram apartadas de parentes e entregues pela Polícia Federal ao Conselho Tutelar. Ambas estavam na Instituição de Acolhimento Regional do Alto Acre, em Epitaciolândia (AC), destinada a crianças e adolescentes, para onde Ruth fora encaminhada. As três crianças vieram para Rio Branco juntas, após autorização judicial.

Zuleika e Jachira são apátridas. Os pais nasceram no Haiti e foram morar na República Dominicana, onde os filhos de haitianos não são reconhecidos como dominicanos. São elas que ajudam Michelove a cuidar de Ruth no abrigo.

Essas estão entre as histórias menos dramáticas que se vê no fluxo constante e crescente de imigrantes que passam pelo Acre, vítimas da exploração de coiotes, funcionários e policiais corruptos no Haiti, República Dominicana, Panamá, Equador e Peru.

Apesar da precariedade do abrigo superlotado, no Acre é onde os imigrantes são melhor tratados.

Para ajudar Michelove e seu bebê, contato com três servidores do governo estadual que trabalham na gestão do abrigo de imigrantes: Cesar 68 9213-9518, Crispim 68 9999-8191 e Lucinei 68 9957-0181.