por Luiz Carlos Azedo
Por que razão agora, então, entregariam a rapadura para uma candidata como Marina Silva (PSB), apoiada por dois pequenos partidos de esquerda, o PSB e o PPS, sem recorrer a todos os recursos que têm à mão para desequilibrar o jogo eleitoral a favor da preservação do poder?
Embora estejamos numa democracia, que prevê a alternância de poder, todos os ingredientes de uma disputa política como a que ocorreu em 1964 estão presentes: a mentira, a calúnia, as intrigas, os preconceitos, as ideologias, os acordos espúrios, os grandes grupos econômicos, a imprensa, as idiossincrasias dos candidatos…
Marina Silva facilitou o jogo de Lula e Dilma ao confinar sua campanha eleitoral aos ambientes fechados e perder o foco do debate sobre a mudança. Acabou por se enredar em temas que interessam mais ao mercado do que aos eleitores, como a autonomia do Banco Central e a manutenção do tripé da política de estabilização: meta de inflação, cambio flutuante e superávit fiscal.
O candidato do PSB, Aécio Neves, por sua vez, resolveu poupar o inimigo principal ao atacar Marina Silva. Luta para não virar suco, depois de se desidratar eleitoralmente em razão do “tsunami” causado pela morte do ex-governador Eduardo Campos. Involuntariamente ou não, o tucano ajudou Dilma a estancar sua queda nas pesquisas, mas não conseguiu se recuperar eleitoralmente.
Com a oposição dividida, Dilma tem fortes possibilidades de entrar na disputa de segundo turno como favorita; se isso não ocorrer, corre risco de perder a reeleição, o que será um vexame diante dos meios que mobiliza. Hoje, Marina ainda é a favorita.
Pesquisa
A presidente Dilma Rousseff ampliou para nove pontos sua vantagem sobre Marina Silva, no primeiro turno, segundo a pesquisa Vox Populi divulgada nesta segunda-feira. Ela tem 36%, contra 27% de Marina e 15% de Aécio Neves.