por marcos romão e zé sérgio
Os antigos ativistas e militantes que lutaram contra da ditadura e pela democracia, se acomodaram e ficaram em seus sofás.
Teciam com ar professoral críticas a deus e ao diabo enquanto engordavam.
Foram surpreendidos por uma nova geração, que acredita nos valores pelos quais seu pais lutaram e lamentavelmente esqueceram, chafurdados no chopp com pizza e no ceticismo político.
Os velhos e meio velhos militantes foram pegos de surpresa por seus filhos, que “órfãos políticos” foram para as ruas em busca de justiça e igualdade e só encontraram governos surdos.
O diálogo que não tinham em casa não encontraram nem por parte dos partidos, nem dos intelectuais, nem da grande imprensa, nem dos governos e suas polícias e milícias.
Hoje estes ativistas contemporâneos estão sendo encurralados por uma “máquina”, que lembra com seus métodos, a criação de grandes e famosos bandidos, como Mineirinho da década 60. Polícia e imprensa criam em 15 segundos e do nada, o periculoso indivíduo a ser eliminado com pompas e luzes para satisfação de todos sentados em seus sofás.
O exemplo da mãe de Elisa Quadros, hoje conhecida por Sininho que vemos ser transformada pela mídia tradicional em “Capitão Gancho”, ao defender sua filha e o diálogo crítico na sociedade, é um ato para reflexão de toda uma geração de pais que já foram críticos e militantes em suas ações.
Rosoleta de Quadros Pinto é uma mãe que sabe do que está falando, pois demonstra que sempre dialogou com sua filha, por isso se expõe em defender o seu direito de protestar e lutar contra as injustiças.
Existe um grande fosso em nossa sociedade entre os novos ativistas sociais e os “velhos militantes”.
Órfãos políticos, estes novos “militantes” se defrontam em suas reivindicações com uma muralha de gás, porrada e balas de borracha e uma grande imprensa em busca de “Naldos”, Caras-de-Cavalos e “Mineirinhos” no espectro político.
Ainda há tempo para esta “velha” geração de miltantes acordar e redescobrir que nem mini-saia, nem onda jovem podem ser bloqueadas por decretos ou surdez e cegueira coletiva.
Precisa-se voltar a conversar nas ruas. #marcosromaoreflexoes
Comentário do jornalista Zé Sérgio
Romão, lerdo do jeito que eu sou, demorei muito para entender certas coisas. Fui a algumas daquelas primeiras manifestações e, sinceramente, senti que havia uma vontade de mudança muito forte, irradiada ali. E não apenas das milhares de pessoas, jovens na maioria, que percorriam as avenidas, mas também dos milhões que ficaram em seus sofás. A coisa tomou tal vulto que o Renan Calheiros começou a pisar mansinho no Senado, o Cabral fez um mea culpa engraçado, embora nada sincero. Pensei: Vitória! Ledo Ivo engano! Sininho, capitão Gancho, garotinhos, anarquistas baladeiros, agentes da P2 infiltrados e até mesmo gente séria que acreditou e ainda acredita em tudo aquilo até hoje se uniram para desacreditar aqueles momentos importantes da história recente, que, por isso mesmo, só aumentaram a decepção e a ressaca de quem quer realmente que algo mude mesmo. Abraço!
Vídeo do Coletivo Mariachi